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terça-feira, 9 de março de 2010

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quinta-feira, 4 de março de 2010

quarta-feira, 3 de março de 2010

Pensando Cavalo

O livro, Horses and Horsemanship, escrito por M.E.Esminger, professor da Universidade Estatal de Wisconsin, E.U.A., (também citado no livro Classical Horsemanship de Winnie Sott*) diz que existem fósseis de uma família de eqüinos que data da Era Terciária, ou seja, o cavalo existe acerca de 58 milhões de anos.Isso me faz pensar que este animal é um vencedor porque, sendo "predado", teve que desenvolver um sistema de auto-preservação extremamente sofisticado para sobreviver até os nossos dias. Portanto, quando empina, corcoveia, manoteia, empaca, escoiceia, morde, dispara, assusta-se com os mais inusitados objetos, quer apenas salvar sua vida. Muita gente pensa que, pelo fato de ele hoje, na maioria das vezes, ser criado e manejado em haras e fazendas, a partir de técnicas específicas de criação profissional, tenha perdido esse instinto de auto preservação, o que não é verdade; esse instinto é uma demanda arquetípica. Penso que com as pessoas acontece de forma semelhante.Historicamente, o cavalo faz parte da vida do homem há 5000 anos. Quando este o montou pela primeira vez, não havia ninguém para lhe servir de modelo. Deve ter aprendido a partir das suas próprias observações; foi lhe necessário estudá-lo, ou seja, perceber como ele operava física, mental e emocionalmente. Não sei como se deu esse primeiro encontro.Talvez tenha encontrado um potro cuja mãe tenha sido morta por algum predador e resolveu criá-lo. De qualquer modo, ganhou sua confiança. Em seguida, pensou que pudesse montá-lo e, ao fazê-lo, deve ter se sentido muito mais poderoso - o que certamente lhe provocou uma emoção muito forte - uma vez que poderia saltar mais alto e correr mais rápido do que fazia antes; deve ter sentido como se o cavalo fosse a sua própria extensão. Nesta interação constatou que o cavalo foi seu primeiro professor, e assim é; o cavalo é o nosso melhor professor.Xenofontes, um general grego, escreveu há mais de 24 séculos um livro intitulado: "A ARTE DO HORSEMANSHIP". Esta obra consta da maioria das bibliografias sobre estudos a respeito do manejo, maneiras de montar e disciplinar cavalos. Todos os autores que o conhecem são unânimes em dizer que o livro é de uma clareza ímpar no que se refere ao conhecimento sobre cavalo.Sua postura implicava no respeito, na segurança, no conforto e na compreensão do animal, quando em treinamento. Ele diz: - "Nada forçado e sem compreensão pode ser belo". - "Os potros devem ser treinados de tal maneira que não só gostem de seus cavaleiros, mas que também estejam esperando ansiosamente por eles no dia seguinte".Não sei o que aconteceu no curso da história para que essa postura tenha sido abandonada e substituída por aquelas de confronto e intimidação, abusando do chicote e da espora para discipliná-los.Em todos os meus artigos, tenho falado insistentemente que a maioria das pessoas não observa que o cavalo é um animal "predado" e, por isso, a necessidade do instinto de auto- preservação. Portanto, quando se lida com esses animais, não levar em consideração esse fato é trombar de frente com eles.O cavalo não responde àquilo que estamos pedindo, por três razões básicas: por não compreender, por estar confuso ou, ainda, por não ter lhe sido ensinado. Se não levarmos em conta esses fatores, estaremos procurando briga e, com certeza, vamos encontrar, com a agravante de que sempre vamos sair perdendo, pela razão mais óbvia: ele é mais forte que nós. O que devemos fazer é lhe dar tempo para que possa aprender e compreender o que estamos pedindo. Não há atalhos e a única mágica que existe somos nós e o nosso cavalo, ajustando-nos a cada situação que aparece, procurando Sentir o seu Timing a fim de que possamos ter uma relação mais Equilibrada, e com isso conseguirmos uma posição mais adequada de onde ele possa começar melhor.Nos meus 26 anos de atividade, tenho ouvido muitas pessoas dizerem que, se não quebrarmos o Espírito do cavalo, ele vai ficar com o Pulo escondido e que mais dia menos dia esse Pulo vai aparecer. A meu ver, o Espírito talvez seja a parte mais importante do cavalo e o que mais quero é construir esse Espírito, porque só assim vou poder utilizá-lo. O cavalo tem uma psicologia própria que controla seu corpo, ou seja, suas pernas e seus pés. Observo as pessoas lidando com eles, não levando em conta que essa necessidade básica de auto-preservação faz parte de seu mundo, portanto, pensam, são sensíveis e tomam decisões, assim como nós.Sinto que o problema todo reside na necessidade de reconhecermos o antagonismo entre as duas naturezas. Sendo o homem predador e o cavalo "predado", fica evidente que somos biologicamente antagônicos. Nosso trabalho é garantir a ele que pode conservar seu instinto de auto preservação e ainda responder ao que lhe estamos pedindo. Isto será muito útil, tanto para nós como para o cavalo.Minha maior preocupação, quando estou iniciando um potro, é lhe deixar o mais claro possível que não precisa ter medo nem se proteger. Gosto de dar-lhe tempo para compreender o que quero dele. Às vezes, ir devagar é o jeito mais rápido de se chegar a algum lugar. Não quero, de maneira nenhuma, assustá-lo. Se ele ficar com medo de mim, na próxima sessão estará também com medo, pois estará esperando por isso, assim que me vir. Aplicar uma pressão inadequada, quer dizer, apressar o programa de treinamento por qualquer razão, obrigá-lo a trabalhar até o cansaço extremo, não lhe dando o Tempo necessário para que possa compreender o que espero dele vai despertar seu instinto de autopreservação, o que ele tem de mais forte, gerando confusão e, conseqüentemente, rebeldia. O cavalo é um ser naturalmente liderado, portanto, nosso trabalho é liderá-lo da mesma forma que um cavalo faz para controlar outro. Pensar que com açúcar e cenoura vamos conseguir lhe colocar sela e fazê-lo trabalhar para nós é pura ilusão Waltdisneyana. Ele vai nos testar em nível de nossa capacidade de liderança, muitas vezes em situações realmente difíceis. Temos que provar que não somos predadores, mas sim líderes, preparando-nos para as situações que ele vai nos criar, antecipando-as, sem lhe causar susto, medo ou dor, situações que lhe permitam tomar decisões corretas em relação a nós. Por exemplo, no trabalho de redondel,a atitude é incorreta é quando ele pára com a cara virada para a cerca, o que significa que vai trabalhar (galopar) mais. A atitude correta é quando pára com a cara virada para o seu treinador; então, a pressão deve ser aliviada imediatamente, permitindo que descanse e perceba que é isso que se espera dele. Assim, estaremos trabalhando através da sua mente.Quando aprendemos a fazer uma leitura do cavalo através da observação de suas expressões, crescem nossas possibilidades de comunicação. O que dizem suas orelhas, seus olhos, sua boca? Suas ações também vão nos dizer o que está acontecendo: quando está compreendendo ou quando não está, quando está com medo ou quando está agressivo. Interpretar o nível de aceitação representado por essas atitudes é o nosso Gol. Aprender a ler o cavalo é aprender uma linguagem nova é a comunicação através da sensibilidade, e isso só se consegue com a mente aberta. De nada adianta uma atitude arbitrária, opressiva, como se fôssemos superior a ele.Temos de permitir que ele aprenda. Por exemplo: quando quero ensinar meu cavalo a virar a cabeça para a direita, encurto a rédea direita; assim que percebo a menor tentativa de ele me dar a cabeça, alivio a pressão. Rapidamente ele compreenderá, porque estará procurando por aquele ponto (alívio da pressão), e assim estarei dando-lhe uma razão, um significado para fazer aquilo.Existem pessoas que chamam esse procedimento de Doma Racional. Prefiro chama-lo "Doma" "D inâmica O rganizada m ovimento a destrado". Tenho que ter muita Doma para que possa pôr Doma no meu cavalo; a atitude "Doma" é responsabildade mútua.Nunca sei o que vou fazer quando chego perto de um cavalo pela primeira vez. É ele que vai me dizer o que fazer e como fazer. Quero estar conectado com ele e poder dar-lhe o Tempo que precisar para que me compreenda. Procuro um entendimento de parceria, não estou interessado em escravidão. Quero a interação mais profunda possível naquilo que eu e ele estamos nos propondo a fazer juntos.

Fonte : Eduardo Pacheco Borba
*Grifo nosso

Instintos Básicos

O período de crescimento pode ser descrito como o tempo desde os primeiros movimentos do feto, após a concepção, até que atinge o desenvolvimento completo e a idade adulta.O animal adulto atravessou mudanças de comportamento que são o produto da aprendizagem e das características do ciclo natural da vida de uma dada espécie.O período de desenvolvimento inicial é o tempo da vida do poldro quando os seus padrões de comportamento, conjuntamente com as características anatómicas e fisiológicas vão passando por rápidas e significativas modificações que o influenciarão para o resto da sua vida. Ao nascer, o poldro apresenta padrões comportamentais que desenvolveu no período pré-natal enquanto no útero da mãe. Os movimentos podem ser detectados a partir do terceiro mês de vida fetal em diante por meio de perscrutação ultra-sónica. Isto torna-se progressivamente mais complexo porque o feto desenvolve-se completamente dentro da mãe durante o período de gestação, cuja duração média é de 335-340 dias.Na altura do nascimento as patas da frente do poldro aparecem logo a seguir à ruptura da membrana alantóide, a estimulação dos membros nesta fase provocará uma resposta reflexa. O potro deixa de responder ao estímulo enquanto passa pelo pélvis da mãe até que os quadris estejam libertados. Após segundos de ter nascido o ritmo respiratório está estabelecido, e o recumbito do esterno/a postura levantada da cabeça e pescoço são conseguidos em poucos minutos.Os poldros, são normalmente, capazes de se levantarem dentro de quinze minutos/uma hora depois do parto.Os movimentos dum poldro recém-nascido continuam geralmente com sucessivas experiências.Os cavalos são uma espécie "seguidora", e é essencial para um poldro estar apto a mover-se o mais depressa possível depois do nascimento para seguir a mãe sem hesitação. A mãe reconhece o poldro por meio da vista, cheiro e som. Os laços filho-mãe levam 2-3 dias a estabelecer-se e durante este tempo a mãe poderá demonstrar evidentes sinais de agressividade em relação a qualquer outro cavalo que se aproxime demais do seu poldro."Imprimir" diz-se de várias alterações de comportamento pelas quais um animal jovem se liga devotadamente a uma "figura materna". Esse registo (impressão) acontece geralmente logo a seguir ao nascimento e resulta numa fixação difícil de mudar.É uma forma única de aprendizagem, a qual, não tem comparação com qualquer outra forma. É irreversível e restringida a um breve "período sensível (impressionável)" que se segue ao parto.Espécies precoces, como são os cavalos, tendem a seguir após o parto, objectos de grande porte em movimento. Porém os poldros podem também imprimir objectos fixos de grande porte, como por exemplo, árvores, e recusarem-se a afastaram-se delas. Há ainda animais que são adoptados por mães de espécies diferentes/i.e. gatinhos criados por uma cadela com cachorros) e que imprimem a figura da nova mãe e actuam de facto, como se fossem cães. Uma associação a longo termo com outra espécie, especialmente quando a associação envolve alimentação, pode influenciar o comportamento do animal e a escolha do parceiro sexual por toda a vida. A socialização mais generalizada com outros animais/espécies, podem, no entanto ocorrer muito depois do período susceptível de provocar a fixação ou impressão.A "impressão" ocorre nas espécies animais nas quais a ligação com os pais, com grupos de animais afins, e com membros do sexo oposto é muito importante mas que corre o perigo de ser mal orientada.Verifica-se que o tempo sensível à impressão coincide com o tempo em que a possibilidade de erro é mínima, isto é, antes que o recém-nascido tenha a chance de encontrar indivíduos de qualquer outra espécie que não seja o da mãe.Como as éguas prenhes frequentemente se isolam dos outros cavalos antes do parto, ou somos nós que as isolamos, normalmente, o primeiro grande objecto em movimento visto pelo poldro acabado de nascer, é a sua própria mãe.O novo poldro pode ficar confuso com outros grandes objectos em movimento, mas recebe também importantes estímulos tácteis da mãe.Através do contacto com a superfície do ventre da mãe aprende a identidade e localização do úbere e encontra as tetas.O comportamento da égua também se modifica no período pós-parto, aumentando a eficiência da sua tarefa de vigiar o potro.Neste período crítico a mãe aprende rapidamente a identificar o seu recém-nascido e relacionar-se com ele como uma extensão de si própria, particularmente vulnerável. Em contrapartida outro jovem poldro, mesmo que notoriamente parecido, e rejeitado; um comportamento hostil é demonstrado ao estranho; este comportamento, em muitos casos, pode até tomar a forma extrema de agressão.Em estudos nas zebras das planícies, tem sido registado que durante os primeiros dias depois do parto, a égua, numa postura ameaçadora, expulsa todos os outros membros do grupo que se aproximem a mais de 3 metros do poldro. Incluindo o garanhão da manada.Tem sido aventado que este comportamento está claramente correlacionado com o período crítico em que o poldro imprime a imagem da mãe, com a sua agressividade, a égua evita que o poldro aceite outro animal como mãe.Alguns dias depois de parir, esta agressividade cessa e todos os membros do grupo podem entrar em contacto com o poldro.É também o que acontece quando se recorre a mães adoptivas como "mães substitutas" para poldros órfãos: se o período crítico da mãe para imprimir já está ultrapassado a adopção e aceitação é mais demorada e o resultado mais duvidoso.Tem havido casos de jovens poldros serem mortos por garanhões tanto entre cavalos domésticos como entre cavalos vivendo em liberdade. Não é muito vulgar, mas quando acontece, são os poldros machos que são mortos; isto sugere que este comportamento possa ser um sistema natural de controle da população e/ou casta. Nos exemplos registados nos cavalos Camargue, os garanhões em causa são cavalos que se juntaram recentemente à manada, e por isso pode ter sido a tentativa de assegurar a transmissão do seu próprio genes à futura população da manada.Poldros mortos pelas mães são extremamente raros, mas tem sido registados entre cavalos domésticos.As éguas vivendo em liberdade ou domésticas formam uma forte ligação com os seus poldros muito rapidamente depois do parto, e quando separadas, cada um deles pode localizar o outro muito depressa. Sinais vocais parecem ser de primordial importância quando um par égua-poldro procura encontrar-se, a vista e o cheiro têm também um papel chave no seu reconhecimento.Estudos feitos entre as zebras das planícies demonstram que os padrões individuais das riscas, como complemento do cheiro e voz, são importantes no reconhecimento entre mães e filhos.Os poldros podem começar a mamar muito rapidamente - nalguns casos, 35 minutos após o parto.O comportamento imediatamente anterior ao aleitamento inclui esticar a cabeça e o pescoço ao mesmo tempo que abrem e fecham a boca num movimento lento de abocanhar. Este movimento de abocanhar tem sido registado como um dos primeiros movimentos, feitos pelos recém-nascidos poldros, nalguns minutos a seguir ao nascimento.O acto de mamar é geralmente iniciado pelo próprio poldro o qual se orienta directamente para o úbere e depois de se posicionar correctamente, começa a dar "cabeçadas" isto é empurra o úbere com o focinho. Frequentemente os poldros andam à volta da mãe ou andam por debaixo do pescoço antes de se aproximarem do úbere.Vocalização e sacudidelas da cabeça antes de começarem a mamar também é vulgar. Este comportamento característico tem como finalidade avisar a mãe da intenção do poldro e é importante para facilitar o leite a descer até às tetas. Também encoraja a mãe a ficar quieta enquanto o poldro mama. A amamentação, nas primeiras semanas, ocupa a maior parte do tempo das actividades do poldro. É neste período que se registam os picos de amamentação tanto em tempo como em quantidade.Estes períodos podem durar desde alguns segundos até alguns minutos, dependendo da idade e de padrões de preferência individuais. Porque os períodos de mamar e de dar cabeçadas nas mães, são sobrepostos, aos períodos de alimentação não definidos, identificando os períodos de não amamentação. Por seu lado estes períodos são definidos como intervalos entre os períodos de alimentação.Chupar as tetas além de servir a função nutritiva, constitui um comportamento de conforto.Os poldros frequentemente vão mamar imediatamente após ter sofrido qualquer perturbação ou manuseamento. Isto pode ser associado também à necessidade de aliviar a ansiedade.As cabeçadas no úbere estimulam a libertação de oxitocina (a hormona responsável pela libertação do leite) da hipófice do cérebro, encorajando a descida do leite e sua ejecção no úbere.As cabeçadas podem ser dolorosas para a mãe durante certos períodos sensíveis; é o que acontece muitas vezes nas 2/3 primeiras semanas de lactação. Nestes períodos as mães são relutantes em deixar os poldros mamar, às vezes mesmo activamente evitam que eles o façam.As mães têm várias maneiras de ajudar os poldros a mamar. É muito vulgar flexionarem a perna traseira do lado oposto ao lado em que o poldro está a mamar; também mantêm, a perna traseira do lado em que o poldro mama, afastada do corpo e levantada, ou posicionam-se elas próprias com as pernas da frente bem para a frente e as pernas traseiras muito quietas para que o úbere fique bem acessível ao poldro.Caracteristicamente as mães vão ficando menos tolerantes com as actividades de amamentação conforme os poldros vão crescendo, isto pode ser considerado como o início do processo natural de desmame.Éguas puro-sangue demonstram grande resistência às actividades de amamentação dos seus poldros depois de estes atingirem seis meses de idade, e activamente vão encurtando os períodos de mamar dos poldros, nalguns casos demonstrando evidente comportamento agressivo quando os poldros são muito persistentes.

A Expressão Corporal

De face dura, imutável, pobre de mímica, o cavalo se expressa pelos olhos que ficam arregalados quando está com medo e, principalmente, pelas orelhas. Quando estão voltadas para a frente, como dois cones peludos, é sinal de alerta: está prestando atenção a um som, uma imagem, um cheiro... quem sabe, à ração que está chegando, ou a uma fêmea no cio? Trocar orelha é a manifestação de desconfiança, de dúvi-da. Agora, quando as duas orelhas estão deitadas para trás, abaixadas, cuidado meu amigo porque o cavalo está irritado: pode dar uma mordi-da, um manotaço, um coice. Os cavalos comunicam sobretudo através de expressões e gestos. A comunicação é a base de todas as relações e aprender a perceber o cavalo melhora o relacionamento entre cavalo e cavaleiro. medida a excitação aumenta, todo o corpo parece crescer e tornar-se mais imponente. A cabeça mantém-se erguida e a cauda está orgulhosamente levantada. Por outro lado, quando a excitação diminui e ele está sonolento, enfastiado ou submisso, a cabeça e cauda pendem, o corpo verga-se, o que faz o animal parecer mais pequeno. Esta manifestação vertical – do animal cheio de vida – é compreendida claramente pelos seus companheiros, que reagem de modo adequado. Ela faz parte da linguagem corporal dos cavalos, e é utilizada sempre que se encontram.Esta norma vertical é quebrada apenas quando o grau de excitação atinge um ponto em que eles partem a galope. Então, as exigências físicas da locomoção a alta velocidade forçam o corpo do cavalo a uma postura mais esguia e horizontal, apesar do elevado grau de excitação. Para além da tonicidade muscular, existem três mensagens corporais que podem ser lidas com facilidade. São elas a repressão com o corpo, o empurrão com o ombro e a apresentação da garupa. A repressão com o corpo é utilizada por um animal dominador que deseja impedir os movimentos de um rival. É uma forma de ameaça que diz "Aqui mando eu ". O animal que intimida coloca o corpo em frente do do outro, em sentido perpendicular, e impede-o de avançar. Isto coloca este último animal num dilema. Ou reage ao desafio e tenta forçar o caminho para avançar, ou deixa-se dominar, virando-se e ficando humildemente onde está, ou voltando para trás e indo-se embora. Nesta situação, se recuar, está a admitir a derrota e a reconhecer que o outro cavalo é superior. Isto porque o ato de se afastar é uma mensagem específica utilizada por cavalos quando lutam. O movimento do cavalo que reprime forçando o rival a enfrentá-lo ou a declarar activamente a sua inferioridade é, portanto uma maneira conveniente de reforçar o seu estatuto no grupo sem ter de recorrer a lutas perigosas. O empurrão com o ombro é uma versão mais ativa de repressão com o corpo; o animal que ameça vai mais longe na manifestação visual, tocando no rival e empurrando-o. Uma das razões porque há tantas objeções e inquéritos nos hipódromos é que, se um jóquei incitar deliberadamente o seu cavalo a empurrar um cavalo rival com o ombro, este último não só vê o seu caminho obstruído, como se sente psicologicamente intimidado. No pólo equestre, esse mesmo movimento é utilizado deliberadamente como parte aceitável do desporto, sendo considerado um bom pónei para o pólo aquele que está sempre disposto a empurrar os outros póneis.A apresentação da garupa é utilizada como uma manifestação defensiva. O cavalo em causa apenas se volta, de modo a oferecer um coice. Esta é uma forma de ameaça . Tem origem na colocação do corpo em posição de dar coices e atua como aviso de um possível ataque. Os outros cavalos aprendem rapidamente a reconhecer estas etapas preparatórias de ação e reagem a elas, sem esperarem pelo resto do movimento.As orelhas são a zona do corpo do cavalo mais móvel e mais expressiva.Orelhas para o lado - Quando o cavalo se encontra relaxado, as orelhas podem estar pendentes para o lado.Orelhas para trás - As orelhas para trás têm diversos significados. Conhecidas por alertar o cavaleiro de que o cavalo está irritado e prestes a atacar, as orelhas nesta posição só têm esse significado quando acompanhadas da exposição da zona branca dos olhos, lábios contraídos nos cantos, ou o abanar da cabeça. As orelhas para trás podem significar que o cavalo está apenas atento a ruídos que vêm de trás, à voz do cavaleiro por exemplo, ou até que está sonolento. Os cavalos colocam também as orelhas para trás quando galopam ou executam uma manobra difícil.É importante distinguir estas situações, pois como sinal de agressão, o cavaleiro deve tomar precauções e repreender o cavalo. Contudo, o cavalo não deve ser repreendido se está a prestar atenção às indicações do cavaleiro ou se apenas está com sono.Muitos cavalos não utilizam a expressão agressiva com pessoas e não é aconselhável que adquira um cavalo que o faça. Contudo, já é frequente os cavalos utilizarem esta expressão entre eles. E de seguida haver coices e relinches. Orelhas para a frente - Os cavalos apontam as orelhas para o seu motivo de interesse. Geralmente, orelhas viradas para a frente indicam que o cavalo está atento e interessado. Os cavalos cumprimentam-se com as orelhas voltadas neste sentido.Contudo, as orelhas orientadas para a frente são também um claro sinal de que o cavalo está a detectar algum perigo. Nestes casos, o cavalo levanta o pescoço e mostra-se alerta.Expressões faciais: Olhos semicerrados e lábios contraídos – Pode significar mau humor ou dor. Nariz enrugado – Significa aborrecimento ou repulsa.Dentes expostos – São sinal de ameaça, um alerta do cavalo de que pode vir a morder.Cauda:Abanar a cauda é sinal de irritação e pode mesmo indicar que o cavalo está prestes a dar um coice. Se o cavalo se aproxima do cavaleiro com a parte traseira, então o melhor é desviar-se pois o animal prepara-se para dar um coice. Abanar a cauda pode ser também sinal de amizade se os cavalos o fizerem quando estão lado a lado. Atirar a cauda para o próprio corpo serve para afastar moscas ou outros insectos. Trazer a cauda elevada é sinónimo de prazer, já que os cavalos brincam e correm com a cauda nesta posição.Meter a cauda entre as pernas e baixar a parte traseira significa que o cavalo está com medo.Cabeça :Abanar a cabeça pode ser sinal de brincadeira, geralmente quando o cavalo está solto no campo e a correr. Contudo, pode também ser sinal de desconforto se estiver a ser treinado.Com a prática e observação os cavaleiros aprendem a não só identificar a linguagem corporal dos cavalos em geral, como também as expressões única do seu cavalo, como por exemplo, a expressão que o animal faz quando o escova no sítio que ele gosta. É caso para dizer que se a linguagem corporal serve para evitar coices, também serve para dar mimos .
O bom adestrador procura entender a linguagem do cavalo. Quando sob forte tensão, assustado, com medo ou raiva, dar uma dentada nada mais é do que uma reação natural de defesa. Assim como nós, ele também tem dor de cabeça, febre, cólica, ansiedade, agressividade e medo. Talvez o medo seja o fator mais importante de sobrevivência de qualquer espécie animal. (E que no homem é tão grande!). Para uma égua, como em todas as fêmeas dos mamíferos, a gestação, o parto e o puerpério são períodos de grande tensão pois são períodos de maior vulnerabilidade diante dos predadores (exacerbação da emotividade, aumento do peso corporal, diminuição da velocidade e da resistência), favorecendo as agressões, já que agredir é a única maneira de se defen-der quando não se pode fugir. O mesmo acontece durante o cio, quan-do a égua muda a postura - patas traseiras levemente abertas, secreção mucosa saindo da vulva, trocar de orelhas - e, principalmente, de tem-peramento - fica hiperexitada, assustada, agressiva, nervosa, inquieta, louca para dar. Lembra o velho ditado machista: "Água morro abaixo, fogo morro acima e mulher que quer dar, ninguém segura!" (Para pro-var o quanto este ditado é preconceituoso basta substituir o termo "mulher" por "homem" e "dar" por "comer" que o sentido não muda, provando que os comportamentos instintivos são iguais para ambos os sexos).

Fontes : Eduardo Festugato
Equisport

segunda-feira, 1 de março de 2010

A Inteligência do Cavalo

Diz-se que um poldro de um ano já aprendeu mais de 75% daquilo que precisa de saber: como controlar os seus membros em todos os andamentos; como mamar, pastar, beber água, como comer concentrados e feno se lhe forem postos à disposição; como coçar-se quer com um casco quer esfregando-se numa árvore ou poste; o que são os humanos: onde se situa o bebedouro no pasto; as horas a que chegam os humanos e com que finalidade e por diante. Tudo isto é essencial à sua capacidade para se adaptar à vida. Na vida selvagem os cavalos tinham que se adaptar rapidamente ao seu meio ambiente e à forma de como certos aspectos do mesmo afectavm o seu conforto e sobrevivência. Como animal de manada, uma das coisas mais importantes a aprender, à parte da identificação da mãe, era saber qual a sua posição hierárquica na manada e a quem, dentro dela, era melhor obedecer. Também precisavam de aprender sobre o tempo e onde se haviam de abrigar das intempéries, quais os sinais que lhe indicavam onde havia comida, o que eram os predadores e o medo, e como escapar. Também tinha que desenvolver rapidamente a sua capacidade de decisão - "fugir - ou lutar" e saber que estar perto da mãe e da manada representava segurança. Em domesticidade o poldro ainda aprende estas coisas e provavelmente com mais rapidez. Aprende a identificar a mãe em poucas horas se lhe for permitido ficar sozinho com ela durante as primeiras 24 horas. Crê-se que o poldro aprende ainda no útero qual o cheiro, o sabor e os sons que a mãe emite, mas o choque imenso do nascimento para um mundo frio e cintilante deve provocar-lhe muita desorientação e stress sendo necessário um novo processo de aprendizagem e adaptação. Os cavalos aprendem muito por associação. Ligam um som ou uma situação particular com um resultado ou acção definidos. Quando surge de novo a mesma situação ou som esperam que se reproduza o mesmo reultado proveninte dessa acção ou som. Isto põe sobre o treinador um certo peso, uma vez que deverá assegurar-se de que o cavalo não seja sujeito a situações desagradáveis e ter a certeza de que tanto o treino como o maneio sejam totalmente consistentes quer no trato com o cavalo quer na forma como se serve das ajudas e ainda na posição do cavaleiro. Os cavalos são extremamente observadores e têm excelente memória (outra herança da sua ancestral vida selvagem) reagindo à menor alteração de peso e de posição do cavaleiro. Tendo a faculdade de em grande extensões de terreno se lembrarem dos locais onde há comida, abrigo e água, e dos lugares onde provavelmente existem predadores, os cavalos também possuem uma memória extremamente longa. Reconhecem-se mutualmente após longos anos de separação, as suas reacções demonstram-no. Parece ser provável que também reconheçam humanos mas nem sempre o demonstram tão bem. Recordam particularmente bem caminhos e lugares, especialmente se alguma coisa marcante lhes sucedeu ali (boa ou má). É por esta razão que um cavalo que se assuste ao passar em determinado local provavelmente o fará sempre que aí volte a passar, esperando que o que quer que fosse o volte a assustar. Consequentemente na maior parte dos casos, pode ser extremamente difícil treiná-los de novo, tirar-lhes maus hábitos ou corrigir ensinamentos anteriores que podem ter-se tornado com o decorrer do tempo em verdadeiros problemas. A paciência e as ajudas tanto físicas como orais podem eventualmente sobrepôr-se a estes velhos hábitos que podem aparecer de novo em momentos de stress ou desconcentração. As segundas oportunidades são raras. Devido ao facto de os cavalos aprenderem tão rápida e profundamente, é fundamental fazer as coisas correctamente quando se procede ao seu ensino. A pessoa com uma atitude calma e firme, que consegue manter a presença de espírito sob condições adversas tem muito mais possibilidades de ensinar um cavalo, que responde, seguindo as indicações que lhes são dadas, confiando, mesmo quando em pânico, que estará seguro. Os cavalos seguem as indicações dos humanos, sejam elas boas ou más, e a maior parte deles são suficientemente espertos para se aperceberem do facto de que é conveniente agradar aos humanos. Também aprendem seguindo o exemplo de outros cavalos: dá muito resultado utilizar um cavalo já ensinado para guiar um poldro que se começa a ensinar ou um cavalo que se pretenda reabilitar. Cavalos com experiência e que já confiam num cavaleiro sensato não se deixarão influenciar por um poldro irrequieto, podendo-se observar a sua influência sobre o mesmo, por vezes com um simples olhar. Os cavalos comunicam entre eles com muito mais linguagem corporal do que nós. Se for permitido a um poldro observar um cavalo já experiente, aprenderá mais depressa do que um a quem nunca foi dada essa oportunidade.É do conhecimento geral que um poldro numa situação complicada seguirá, na maior parte dos casos, outro cavalo, não confiando no ser humano.Certos treinadores antigos, muitos dos quais ainda vivem, acreditavam no castigo quando o cavalo respondia incorrectamente a um comando ou ajuda. Se o treinador tentava ensinar uma cavalo a entrar a galope com a mão direita e o cavalo insistia em sair com a esquerda, era castigado com o chicote ou espora ou ambos. A escola de pensamento que prevalece hoje é a de recompensar o cavalo quando ele responde correctamente e de nada fazer quando ele não o faz, ou simplesmente dizer não ou outro sinal que lhe tenha sido ensinado e que ele entenda como desaprovação. Bater ou insultar um cavalo que está a tentar descobrir o que lhe queremos ensinar é estúpido e cruel. Provavelmente um aspecto tão importante como o da firmeza quer na recompensa quer no castigo é o de administrar qualquer destas acções no momento imediato à execução do exercício. A sua mente funciona de um modo, que para poder relacionar as duas coisas elas não podem distanciarem-se mais de um ou no máximo dois segundos. Após este lapso de tempo não relacionará uma coisa com a outra e a recompensa ou repreensão dados não servirão para nada. Os castigos que o cavalo não entende traduzem-se num animal zangado, ressentido e no melhor dos casos não cooperante. Recompensar um cavalo passado já algum tempo de ele ter cumprido, como por exemplo quando sai do campo de obstáculos após uma boa prova, é demasiado tarde. Todavia, uma palavra de apreço sussurrada de cada vez que transpõe bem um obstáculo é compreendida e motivante para o cavalo porque consegue relacionar as duas coisas. É enfurecedor ver cavaleiros a dar uma chicotada a um cavalo depois de ter feito a batida para um salto. Esta acção indica ao cavalo, sem sombra de dúvida, que ele está a actuar incorrectamente! O mesmo acontece com as pancadas na boca, as espetadelas das esporas e mesmo as violentas pancadas que lhe são infligidas nas costas pelo "assento" do cavaleiro. Qualquer acção desagradável ou dolorosa será inevitavelmente associada pelo cavalo ao acto de saltar (ou seja qual for o exercício em execução). Quando nos debruçamos sobre as técnicas utilizadas por alguns cavaleiros podemos considerar um milagre não existirem mais cavalos a recusar ou a "pegarem-se". As palavras-chave do ensino são: firmeza, oportunidade, repetição e a recompensa. Estamos todos cientes de que o método de ensino convencional indica que não se deve permitir ao cavalo a iniciativa e antecipação ou seja, fazer o que pensa que lhe vamos pedir antes de o fazermos. Diz-se que isto diminui a nossa autoridade em vez de mostrar inteligência por parte do cavalo. Os cavalos adquirem hábitos com muita facilidade e há quem afirme que isto não demonstra verdadeira inteligência, sendo simplesmente o cavalo a executar o que se lhe tornou habitual. A minha opinião é a seguinte: sendo nós seres de suposta inteligência superior, deveríamos lembrar-nos e aceitar o facto de que os cavalos são criaturas de hábitos e anteciparmo-nos às suas acções, tomando medidas para evitar qualquer acção que pensámos que vai executar, tal como assustar-se num local onde costuma fazê-lo. A antecipação é na verdade uma expressão de inteligência e pessoalmente fico preocupada quando um cavalo não demonstra qualquer sinal dessa antecipação - memória e capacidade de aprendizagem . O estratagema favorito dos investigadores cientificas para avaliarem a inteligência animal é o labirinto. Para o meio deste são lançados os mais diversos tipos de animais e o que chegar primeiro ao alimento que se encontra no centro é julgado como sendo o mais inteligente. A sua profissão inclui vários outros truques como a solução de problemas, tais como a aprendizagem de qual a alavanca a accionar ou a quis sons responder de forma a descobrir onde encontra a recompensa. Este tipo de teste é totalmente desadaptado aos cavalos que nunca, no seu meio natural têm que resolver problemas deste tipo. O teste real à inteligência é o da sobrevivência no seu próprio meio e os cavalos sobreviveram no seu durante vários milhões de anos. Mais, são suficientemente inteligentes e adaptáveis para sobreviver e por vezes prosperar no nosso ambiente, vivendo uma vida que lhes é imposta: ser montados, viver em cavalariças, ser separados dos seus semelhantes, não ter oportunidade de formar relações naturais de manda, ser forçado a comer rações feitas por nós etc. Isto para mim é a verdadeira inteligência. O que nos importa se o cavalo é ou não mais inteligentes do que os cães, seres humanos, gado bovino, gatos ou o que quer que seja. Temos cavalos porque, gostamos deles pelo que são. Se pensarmos que são estúpidos - como há quem o afirme - não é estúpido associarmo-nos a eles, fazendo-o por prazer? Na nossa sociedade fazer dinheiro é suposto ser sinal de esperteza e há quem faça muito, com o negócio dos cavalos. Tenho conhecido muitas pessoas que fizeram muito dinheiro e que são irrefutavelmente estúpidas .
Gillian O'Donnell